ASSOCIAÇÃO ENTRE MICROBIOTA INTESTINAL E DOENÇAS AUTOIMUNES: UMA ANÁLISE COM ÊNFASE NA ESCLEROSE MÚLTIPLA
Palavras-chave:
Esclerose Múltipla, Microbiota intestinal, Doença autoimune, SNCResumo
A relação entre a microbiota intestinal e doenças com componente auto imune tem sido investigada por diversos grupos. Pesquisas que associam a microbiota e Esclerose Múltipla (EM) e suas equivalentes murinas têm sido publicadas nos últimos anos. A identificação de polarização de células T em Th1/Th17, gerando resposta pró-inflamatória foi evidenciada ao longo de publicações prévias. Acredita-se que o mecanismo envolva o reconhecimento de antígenos relacionados às bactérias presentes no intestino de camundongos e humanos. Esses antígenos demonstram mimetismo molecular com sequências da Glicoproteína da Mielina de Oligodendrócito (MOG). Desse modo, neste trabalho, foram avaliados estudos por meio de revisão narrativa que correlacionam a EM e suas equivalentes murinas com a microbiota intestinal e a possibilidade de utilizar a microbiota intestinal como adjuvante ao tratamento da EM. Foram analisados nove artigos, sendo sete ensaios clínicos randomizados e duas revisões sistemáticas por metanálise. Os texto foram selecionados mediante de critérios de inclusão e exclusão de estudos encontrados nas bases de dados PubMed, Registro Central de Ensaios Controlados da Cochrane (CENTRAL), Scopus e Web of Science. A análise dos textos resgatados demonstrou que respostas pró-inflamatórias influenciadas pela microbiota se correlacionam com as formas de apresentação da Encefalomielite Autoimune Experimental (EAE) em camundongos e EM em humanos. A resposta Th17 foi associada à ruptura da barreira hematoencefálica, propiciando o início da doença ao mesmo tempo em que reduziu a resposta anti-inflamatória com diminuição de interleucina-10. Além disso, encontrou-se que a presença de Bacteroides fragilis é relacionada como fator protetor para a EAE em camundongos, gerando um ambiente anti-inflamatório. A relação entre microbiota e doenças auto imunes, incluindo a Esclerose Múltipla, ainda necessita ser melhor avaliada em mais pesquisas. Vislumbra-se potencial terapêutico adjuvante através do manejo da microbiota intestinal por meio de antibióticos/probióticos/prebióticos, transplantes fecais ou alterações dietéticas.